quarta-feira, 29 de julho de 2009

Publicação

A comunidade de pesquisadores marxistas do campo da educação acaba de ser presenteada com mais uma publicação científica. Trata-se da revista GERMINAL, do Grupo de Estudos e Pesquisas Marxismo, História, Tempo Livre e Educação (MHTLE), com o apoio dos Grupos HISTEDBR/UNICAMP e LEPEL/UFBA.

O tema que abre o primeiro número da Revista Germinal, que tem como editoras as professoras Elza Margarida de Mendonça Peixoto e Maria de Fática Rodrigues Pereira é Marxismo e Educação em Debate e se encontra disponível on-line, bastando clicar no nome abaixo

Revista Germinal

Boa leitura pessoal

sábado, 25 de julho de 2009

Inversão


A imagem acima e as mensagens abaixo foram recebidas por e-mail. Coloco as mesmas aqui para provocar o debate, a reflexão sobre a inversão de papéis que vem se processando em relação ao ato docente.

Evidente que esta reflexão deve ser pautar considerando o contexto em que vivemos, para que não caiamos em um debate moral ou voltado para uma determinada ética burguesa do tipo "antes os pais se preocupavam mais com a educação dos filhos", etc, etc, pois sabemos que a questão não é essa.

Abaixo as mensagens que vinheram juntas com a imagem. Caso vocês não estejam enxergando a imagem de forma nítida junto com as falas nos balões da mesma, clique nela para ampliar.

MENSAGENS

"Todo mundo 'pensando' em deixar um planeta melhor para nossos filhos...
Quando é que 'pensarão' em deixar filhos melhores para o nosso planeta?"

Uma criança que aprende o respeito e a honra dentro de casa e recebe o exemplo
vindo de seus pais, torna-se um adulto comprometido em todos os aspectos,
inclusive em respeitar o planeta onde vive...

quinta-feira, 23 de julho de 2009

O debate das ideias


No ano 2000 a Martins Fontes publicou uma nova edição do conhecido livro de Vigotski, o pensamento e linguagem sob um novo nome: A Construção do Pensamento e da Linguagem, este traduzido diretamente do russo, pelo professor da USP, livre-docente da disciplina Literatura Russa desta Universidade, Paulo Bezerra.

Esta tradução veio preencher uma importante lacuna em relação aos estudos da teoria vigotskiana, já que a primeira e mais conhecida tradução contém, segundo Newton Duarte, talvez o mais importante estudioso brasileiro das obras de Vigotski atualmente, "textos reescritos por pesquisadores norte-americanos", o que acarreta, indubitavelmente, sérios problemas em relação às categorias e método do pensamento de Vigotski o que, consequentemente, trás problemas no tocante a nossa prática pedagógica, principalmente àquelas implicadas com a linha sócio-histórica.

Só para termos uma ideia desta questão, que se circunscreve em um debate entre as ideias de Vigotski, que se fundamentam no materialismo histórico-dialético e as ideias de outros pensadores, como os tradutores inglese, que retirou toda a base teórica-filosófica marxista dos estudos de Vigostski, por entenderem que esta não tinha importância para os leitores brasileiros, o livro atual tem 496 páginas, contra às 216 da edição atual com nova encadernação.

São 280 páginas a menos. É mole? Segundo SÈVE, citado por DUARTE (2001, p. 76), "foram cortados nada menos que 2/3 do texto original". E tem mais. "Os cortes incidiram particularmente sobre as reflexões marxistas de Vigotski, como se elas fossem extrínsecas à sua teoria psicológica e, portanto, suprimível sem prejuízo para a conpreensão do pensamento do autor".

Este mero "detalhe" é totalmente contrário ao próprio percurso teórico do Vigotski. Pois ao contrário do que muitos pedagogos e pedagogas imaginam, o pensamento de Vigotski se vincula e se radicaliza no marxismo.

Isso fica explícito em um outro livro do autor, pouco lido no Brasil (aliás, sempre que o Vigotski é citado nas produções nacionais, o mesmo se resume a duas obras: formação social da mente e pensamento e linguagem), se trata do livro O Significado Histórico da Crise da Psicologia, onde o autor "defendeu explicitamente (...) a necessidade de uma teoria materialista e dialética do psiquismo".

Não é por acaso, portanto, que o Vigotski sempre é confundido no debate das ideias pedagógicas, com outros psicólogos mais genéticos, como o Piaget, transfigurando a sua obra em uma abordagem sócio-interacionista.

Mas isso é um assunto para outra postagem.

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DUARTE, Newton. Educação escolar, teoria do cotidiano e a escola de Vigotski. Campinas,SP: Autores Associados, 2001. 3 ed.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Kd vc? Sto aq, pq?


Hoje pela manhã, relendo algumas referências na retomada de algumas questões relacionadas à tese que estou desenvolvendo, reencontrei-me com o "companheiro" da pós, Tomasello. Michael Tomasello, antropólogo alemão autor, dentre outros, do livro Origens Culturais da Aquisição do Conhecimento Humano, editado pela Martins Fontes no ano de 2003.

Estava ele quieto, entre livros e papéis, fechado e em silêncio, a espera de um novo encontro com algum leitor desavisado.

Tomasello é um daqueles raros sujeitos que vem perseguindo durante toda sua vida, uma problemática. Dizem que esses são os melhores!!! A problemática diz respeito a como o ser humano adquire o conhecimento, buscando respostas principalmente nas pesquisas que faz com crianças e primatas.

No último capítulo do livro citado, o sétimo, lá estar um velho amigo de todos nós, professores, abrindo o texto sobre Cognição Cultural: o Vigotski, dizendo que "O pensamento não apenas se expressa em palavras; ele adquire existência através dela".

Completaria dizendo que não só "adquire existência" como se amplia. Não há pensamento sem linguagem, sem leitura, sem debate, sem diálogo. Avançaria na minha petulância e diria que também não são qualquer palavras, textos, diálogos e debates, entre outros, que faz avançar o pensamento. Questão que exige um melhor e maior aprofundamento, impossível neste momento.

Mas este pensamento de Vigotski trazido por Tomasello me fez lembrar da linguagem que hoje os mais jovens - principalmente - se utilizam para dialogar nos menseger da vida, nos chats, entre outros.

Palavras(?) curtíssimas, de no máximo duas a quatro letras isso quando o diálogo não se processa(?) apenas com as imagens...afinal não são essas que valem mais do que mil palavras?

Frases? Sim! Mas codificadas para "mentes" brilhantes.

Lembro-me do George Orwell e da sua novilíngua no livro 1984. Um projeto fascista de encolhimento das palavras para impedir a ampliação do pensamento.

Srá ss o mtiv? O q vc ach?

segunda-feira, 20 de julho de 2009

MEC pagou por escolas que ficaram no papel


Auditoria constatou prédios vazios ou nem construídos em entidades privadas que deveriam oferecer 50% de vagas gratuitas.

Só 1 das 98 instituições que receberam, ao todo, R$ 257 milhões de programa federal de 1998 a 2007 cumpriu todo o contrato.

ANGELA PINHOSIMONE IGLESIAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA


Escolas técnicas financiadas com dinheiro público, que deveriam atender alunos gratuitamente, viraram prédios vazios e faculdades privadas ou até edifícios nunca construídos. A conclusão é de fiscalização do Ministério da Educação no Proep (Programa de Expansão da Educação Profissional), que funcionou de 1998 a 2007.

Em São Paulo, por exemplo, o imóvel que deveria, desde 2005, ter um centro educacional para metalúrgicos está fechado. Em Capivari (135 km de SP), um prédio que consumiu R$ 3,1 milhões em obras e equipamentos está abandonado.

O Proep, criado pelo ex-ministro Paulo Renato Souza (1995-2002), hoje secretário de Educação paulista, e feito em parceria com o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), previa que a União repassasse verbas a entidades "comunitárias" para que construíssem, ampliassem e equipassem escolas. Em troca, deveriam ter cursos técnicos com 50% das vagas gratuitas.

De 1999 a 2007, 98 entidades -sobretudo fundações e sindicatos- receberam R$ 257 milhões, o que seria suficiente para erguer 50 escolas federais. Durante esse tempo, nenhuma vistoria foi feita, alega o MEC, por dificuldade estrutural.

O MEC constatou que apenas uma entidade cumpriu todo o contrato: a Fundação Iochpe, que atua em SP e no RS.

Outras 20 abriram vagas gratuitas, mas não na quantidade acordada. Nove delas já existiam antes do Proep. "O programa praticamente só funcionou no Sul e Sudeste, e boa parte das escolas teria funcionado sem ele", diz Gleisson Rubin, da Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica do MEC.

As demais entidades tiveram irregularidades que, diz o órgão, vão do não oferecimento dos cursos à cobrança de mensalidade de 100% dos alunos.

O primeiro caso descoberto foi o da Escola Catarinense de Gastronomia, em Florianópolis. Segundo o MEC, em vez de curso técnico, havia no local a Unisul (Universidade do Sul de Santa Catarina), que cobrava mensalidades de R$ 900. Na Justiça, a União conseguiu reaver o prédio em 2007.

O Centro de Formação do Profissional do Paulista, em Pernambuco, recebeu R$ 2,7 milhões para erguer uma sede. A obra terminou em janeiro de 2003, mas os cursos gratuitos só duraram três meses.Outra entidade responsabiliza o próprio governo. A Fundação de Asseio e Conservação de Almirante Tamandaré (PR), diz seu diretor-executivo, Pedro Paulo Guerreiro, aderiu ao projeto em 1999, mas o convênio só foi formalizado em 2005 e só em 2006 chegou a verba para erguer um prédio para aulas de limpeza profissional.

"O contrato ficou parado por anos no ministério. Nesse período, entraram e saíram ministros e ninguém resolveu nada. Os convênios ficaram parados nas gavetas. Ou então, quando se cobrava o dinheiro, o argumento era que não havia disponibilidade no momento."

O MEC afirma que as entidades cujos convênios só saíram após 2003 tinham problemas de documentação.Após a auditoria, além das 30 escolas federalizadas, cinco passarão para Estados. Onze estão sob a gestão do Sistema S. Uma escola decidiu devolver o dinheiro. Para outra foi aberto processo de tomada de contas. Há ainda negociações em curso com outras escolas. As 20 que têm cursos gratuitos em número menor estão redefinindo suas metas com a União.
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sexta-feira, 17 de julho de 2009

Resenha rápida

Foi lançado, recentemente, o mais novo livro do professor Dermeval Saviani. O mesmo trata de uma forma crítica, como é bem o tom das reflexões do professor nas suas vastas produções, o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) que em abril deste ano completou dois anos de lançamento.
Contendo cinco capítulos e sete anexos referentes a decretos e leis que subsidiaram as políticas educativas brasileira, o livro procura ampliar a questão norteadora que embasou um artigo do mesmo autor intitulado"Educação escolar: os desafios da qualidade", publicado na revista Educação e Sociedade, número 100 e que se propunha a "(...) a analisar globalmente a proposta do MEC, visando responder à seguinte pergunta: Em que medida esse novo plano se revela efetivamente capaz de enfrentar a questão da qualidade do ensino das escolas de educação básica?".
Para tanto, o professor Saviani levou em consideração os seguintes elementos: "1. A configuração do PDE, procurando entender sua composição e identificar cada uma das 30 ações em que ele se desdobra; 2. Análise da singularidade do plano em confronto com os planos anteriores, em especial com o vigente Plano Nacional de Educação; 3. A singularidade do PDE diante do problema da qualidade da educação básica; 4. As bases de sustentação do plano, visando verificar o grau em que está apto a assegurar a qualidade da educação básica; 5. Finalmente, à guisa de conclusão, sugere-se um caminho para superar as limitações do PDE.
No livro em questão, Saviani retoma essas questões, as amplia, desenvolve e atualiza a partir da "incorporação dos novos elementos que o MEC foi agregando ao Plano no processo de sua implementação (...)".
Este livro, além de dar prosseguimento a análise global que o autor vem fazendo da política educacional brasileira é, também, "(...) um importante instrumento para uso dos professores nas escolas de todos os graus, ramos e modalidades em todo o país".
Consideramos de fundamental importância para uma educação superadora, o conhecimento profundo e radical dos meandros das diferentes e diversas políticas educacionais formuladas em nosso país. E este livro é fundamental para este conhecimento.
Sugerimos sua leitura.

domingo, 12 de julho de 2009

Brasil tem 11,5% de crianças analfabetas, aponta IBGE


ANTÔNIO GOIS


da Folha de S.Paulo.


Apesar dos avanços, o Brasil ainda tem 11,5% das crianças de oito e nove anos analfabetas.Este percentual já foi bem maior (47% em 1982), mas, na atual década, vem caindo em ritmo mais lento, segundo a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), do IBGE.

De 2001 a 2007, a redução foi de apenas 2,5 pontos. Uma criança não alfabetizada com mais de oito anos de idade apresenta dificuldades não apenas em português, mas em todas as outras disciplinas, já que sua capacidade de compreender textos é limitada. É normal que, a medida que um indicador melhore, seu ritmo de queda reduza. O problema é que, se continuar caindo na mesma velocidade de 2001 a 2007, o Brasil dificilmente cumprirá a meta de ter até 2022 toda criança plenamente alfabetizada aos oito anos de idade, estipulada pelo movimento Todos Pela Educação.

A situação é mais grave no Nordeste (23% de crianças analfabetas), especialmente no Maranhão (38%), Alagoas (29%) e Piauí (27%). O dado do IBGE, porém, não dá um diagnóstico completo, pois se baseia só na informação de pais sobre se seus filhos sabem ler e escrever um bilhete simples. O instrumento que mais se aproxima deste objetivo é a Provinha Brasil, teste do MEC que avalia o nível de alfabetização no 2º ano do ensino fundamental.

Como a prova é feita e corrigida pelas próprias redes, sua divulgação fica a critério do Estado ou município. Resultados obtidos pela Folha com as secretarias que já divulgaram o exame mostram que, na cidade do Rio, em Belo Horizonte e no Distrito Federal, mais de um terço dos estudantes estavam abaixo do nível considerado adequado. Eles não necessariamente são analfabetos, mas apresentam dificuldades até mesmo para ler frases curtas ou palavras mais complexas.

No Rio e no Distrito Federal, o percentual de alunos abaixo do adequado foi de 37% e, em Belo Horizonte, 35%. São Paulo ainda não divulgou os dados. Repetência Para o especialista em avaliação educacional Ruben Klein, a principal explicação para o analfabetismo entre crianças cair em ritmo mais lento é a repetência na primeira série.

Uma tabela elaborada por ele mostra que a trajetória da repetência na primeira série tem comportamento idêntico ao verificado na taxa de analfabetismo aos 8 e 9 anos. Em 1982, o censo escolar do MEC registrava que 60% das crianças desta série eram repetentes. A taxa diminuiu quase pela metade até o ano 2000, quando registrou-se 32% de crianças repetentes. O problema foi que, a partir daí, a queda se deu em ritmo mais lento e, em 2005 (último ano da série histórica do pesquisador), ela estava em 29%, uma redução de apenas três pontos percentuais na primeira metade da década.

Klein pondera que essas crianças não alfabetizadas na idade correta acabam aprendendo tardiamente. Prova disso é que, aos 15 anos, o percentual de analfabetos na Pnad oscila entre 1% e 2% desde 2002. "Mas é uma alfabetização muito simples e grosseira, longe de ser suficiente, e que compromete a qualidade da aprendizagem, já que eles chegam aos 14 ou 15 anos de idade com um atraso muito grande em relação à série que deveriam estar cursando", diz o especialista. Os dados do IBGE mostram também que a alfabetização varia de acordo com a renda.Em famílias mais ricas (mais de cinco salários mínimos per capita), aos cinco anos de idade, quase metade (47%) das crianças já se alfabetizaram. Entre as mais pobres (menos de 1/4 de salário mínimo per capita) o percentual é de 10%. Aos sete, praticamente todas as crianças mais ricas já se alfabetizaram, mas a taxa entre as mais pobres é de 49%.

sábado, 11 de julho de 2009

A Educação tem urgências!


Inspirado pelos acontecimentos suscitados pelo I Fórum de Educação em Itabuna, Bahia, realizado pelo Conselho Municipal de Educação de Itabuna no dia 08 de julho do corrente ano, resolvir desenvolver mais um blog com o modesto objetivo de discutir as questões relacionadas à Educação de uma forma geral.

Com o tema A EDUCAÇÃO TEM URGÊNCIAS!, o fórum buscou discutir com o coletivo de professores e professoras da região sul da Bahia, as políticas públicas, justiça social e ética: ações educacionais humanizadas.

Foi um dia muito rico em reflexão e debate e que tenho a certeza que ainda reverbera na consciência de todos os mais de 600 colegas de profissão que por lá estiveram e que ajudaram a abrilhantar ainda mais o evento.

De minha parte, busquei apresentar a ideia de que sem uma reflexão profunda sobre um outro projeto histórico de sociedade alternativo ao capital, não existem políticas verdadeiramente humanizadas nem, tampouco, humanizantes.

Fica aqui mais um espaço para continuarmos o debate.

Por fim, agradeço ao carinho e dedicação dos conselheiros e organizadores do evento. Todos vocês estão de parabéns!!!

COMISSÃO ORGANIZADORA

Eliane de MAtos Pereira, Elineia Gomes Leal, Elioenai Santos de Santana Farias, Heyder Nunes, Inês Sobrinho da S. Pereira, Jackson Farias dos Reis, Maria da Glória Santos Sousa, Maria do Carmo de Almeida Mendes, Norma Clara Batista Pereira, Rogério Souza Santos, Roseane da Silveira Barretto, Sandra Cristina Souza Reis Abreu.

PRESIDENTE DO CME - Maria Lúcia Tourinho Santos

VICE-PRESIDENTE - Maria de Lourdes de Carvalho Netto

À todos vocês, mais uma vez, parabéns e um muito obrigado por tudo. O Fórum foi muito significativo e marcante e a confiança que vocês depositaram em minha pessoa, de um valor inestimável.