sábado, 14 de agosto de 2010

Marx e a crítica da educação

O texto abaixo faz parte da "orelha" do mais recente livro da editora Ideias e Letras, que será lançado muito em breve.

O livro é do autor Justino de Souza Júnior.

Com ele estamos retomando nossas postagens no nosso blog.

Vamos à leitura
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A tradição dos estudos e pesquisas em educação referenciados no marxismo costuma adotar a categoria trabalho como a categoria na qual se concentrariam todas as preocupações marxianas concernentes à educação. Dessa forma, há uma centralização excessiva, para não dizer absoluta, dos interesses na categoria trabalho. Essa centralização coloca-se quase que como uma consequência lógica da compreensão que define o trabalho como atividade vital e categoria fundante do ser social.

Todavia, a centralidade ontológica do trabalho não pode autorizar nem induzir automaticamente à tese da “centralidade pedagógica” do trabalho no processo de formação do sujeito social potencialmente revolucionário. Quando se realiza de maneira linear o percurso no qual se passa da afirmação do caráter ontologicamente fundante do trabalho à “centralidade pedagógica” do trabalho (abstrato, alienado, estranhado) no processo de formação humana, opera-se uma redução na contribuição marxiana para a educação. Elidi-se a categoria da práxis ou porque se entende que está contida no trabalho, ou porque sua importância é simplesmente desconsiderada ou até desconhe¬cida. Perante esse procedimento, coloca-se a indagação: a categoria da práxis teria alguma importância em si no interior do marxismo ou seria uma categoria decorativa, que se pode usar ou não sem que se altere o teor de uma elaboração?

No caso da reflexão sobre a educação, especificamente, a categoria da práxis parece ser decisiva, pois é a categoria que melhor define o principal propósito marxiano e marxista: a emancipação social, a superação da ordem do capital. Ora, esse propósito não se põe – aliás, a própria realidade da ordem do capital não se põe – senão a partir da práxis (no caso, da práxis produtiva, do trabalho), mas a superação prática dessa realidade apenas se faz possível pela práxis (político-educativa).

Essa mesma práxis é em si educativa, assim como precisa de um conjunto de ações educativas que a favoreçam. Dentre essas ações está o trabalho. Todavia, a categoria trabalho, como trabalho alienado, abstrato, estranhado, portanto, não é capaz sozinha de expressar toda a complexidade da problemática da educação em Marx.

O principal e maior de todos os problemas que acarreta para a reflexão marxiana da educação o superdimensionamento da categoria trabalho e a consequente elisão da práxis é que os educadores marxistas correm o risco – o que se confirma em determinadas pesquisas sobre trabalho e educação – de mergulharem no “mundo do trabalho”, no “chão de fábrica” com a pretensão – e a melhor das intenções – de compreender o modo de realização das tarefas, o modus operandi do fordismo-taylorismo ou do toyotismo, as relações de domínio ou controle que se estabelecem, as estratégias de resistência, a socialização do saber ou a apropriação desse, enfim, pretendendo compreender esse mundo e seu caráter educativo, mas acabam presos e enredados nele como fim em si.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Ciclo de Formação Pedagógica

A Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), através da Linha de Estudos e Pesquisas em Educação Física & Esportes e Lazer (Lepel), promove nos dias 26 e 27 de maio, o 2º Ciclo de Formação Pedagógica em Educação Física.

Com o tema Avaliação e o Trato com o Conhecimento da Cultura Corporal, o evento objetiva aprofundar o debate sobre a avaliação em educação física e outras áreas da educação, analisando a realidade e apontando novas possibilidades. O público-alvo são estudantes, professores e pesquisadores de educação/educação física e pessoas que se interessem pelo assunto.

O 2º Ciclo de Formação Pedagógica em Educação Física “procura apresentar um debate pouco presente no campo da educação física escolar e que diz respeito aos processos de avaliação no trato com o conhecimento da cultura corporal” afirma o professor Wellington Araújo, organizador do evento. “Queremos contribuir com a discussão pedagógica na área da educação, educação física e a qualificação dos professores da rede municipal e estadual e na formação dos estudantes da Uefs e outras universidades e faculdades de Feira de Santana e região”, acrescenta.

O evento, que conta com o apoio da Pró-Reitora de Extensão (Proex) e do Departamento de Educação da Uefs, acontecerá no auditório do Módulo 4 do campus universitário.

As inscrições são feitas no Parque Esportivo da Uefs (atrás do 1º módulo). Maiores informações no blog http:/www.lepeluefs.blogspot.com.

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Gramsci

Para educadores e curiosos que queiram aprofudar ou conhecer o filósofo sardenho, segue linlk da revista paidéia que nesse número publica artigos relacionados ao pensamento gramsciano.

Revista Paidéia - Filosofia da Educação, do Grupo PAIDÉIA/Unicamp.
O tema central é Gramsci e a Educação. Para acessar: http://www.fae.unicamp.br/revista/index.php/rdp/issue/view/83/showToc

terça-feira, 16 de março de 2010

Evento da Rede LEPEL

A FACED/UFBA através do Grupo LEPEL, do programa de Pós-Graduação em Educação e do Departamento III - Educação Física, promovem: CURSO INTENSIVO E SEMINÁRIO INTERATIVO com a pesquisadora da UNESP, professora doutora LIGIA MÁRCIA MARTINS sobre PEDAGOGIA HISTÓRICO CRITICA E PSICOLOGIA HISTÓRICO CULTURAL. Estarão em discussão às contribuições de Vigotsky, Luria, Leontiev e Saviani para a Educação Escolar. Os eventos acorrerão no período de 17 a 19 de março de 2010 no Auditório I da FACED/UFBA, das 14 às 18 horas.

quarta-feira, 10 de março de 2010

País só cumpre 33% de metas de educação

Relatório mostra que ainda há alta repetência, a taxa de universitários é baixa e o acesso à educação infantil está longe do proposto

Estudo de pesquisadores de universidades federais abrange o período de 2001 a 2008, incluindo dois anos de governo FHC e seis de Lula


ANGELA PINHO
LARISSA GUIMARÃES

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Enquanto petistas e tucanos fazem alarde dos seus feitos na educação, um dos levantamentos mais abrangentes já realizados sobre a última década revela que os avanços na área foram insuficientes. Apenas 33% das 294 metas do Plano Nacional de Educação, criado por lei em 2001, foram cumpridas.

Relatório obtido pela Folha, feito sob encomenda para o Ministério da Educação, aponta alta repetência, baixa taxa de universitários -apesar dos programas criados nos últimos anos- e acesso à educação infantil longe do proposto.

O estudo, que abrange o período de 2001 a 2008, foi feito por pesquisadores de universidades federais, com apoio do Inep (instituto de pesquisa ligado ao MEC).

O plano foi criado com o objetivo de implantar uma política de Estado para a educação que sobrevivesse às mudanças de governo. As metas presentes nele são de responsabilidade dos três entes federados, mas municípios têm mais atribuição pela educação infantil e fundamental; Estados, pelo ensino médio; e a União, pela articulação de políticas.

O estudo traz indicadores relativos ao período de 2001 a 2008 -dois anos de governo FHC e seis de Lula. Para muitas metas, não há nem sequer indicador que permita o acompanhamento da execução.

Em outros casos, em que há indicadores claros, há um longo caminho pela frente. A educação infantil é um exemplo.

O plano previa que 50% das crianças de 0 a 3 anos estivessem matriculadas em creches até 2010. É o que a faxineira Adriana França dos Reis, 32, desejava para sua filha, que chegou aos quatro anos sem conseguir vaga. "Quanto mais cedo ela entrar na escola, sei que mais longe ela vai chegar", diz. Segundo o IBGE, só 18,1% das crianças de até três anos estavam em creches em 2008.

Já o ensino fundamental foi quase universalizado e aumentou de oito para nove anos.
No ensino médio, o obstáculo é já no atendimento. Na faixa etária considerada adequada para a etapa (15 a 17 anos), 16% estão fora da escola. Na educação superior, o plano estabelecia uma meta de 30% dos jovens na universidade. Em 2008, o índice estava em 13,7%.

O objetivo número um na educação de jovens e adultos, a erradicação do analfabetismo, está longe de ser alcançado. O Brasil ainda tem 14 milhões de pessoas de 15 anos ou mais que não sabem escrever.

Para João Oliveira, professor da UFG (Universidade Federal de Goiás) e um dos responsáveis pela pesquisa, uma das principais causas dos problemas na execução do PNE foi o veto à meta que previa um aumento expressivo nos recursos destinados à educação: 7% do PIB em educação até 2010.

Prevista na proposta aprovada no Congresso, foi vetada por FHC, que terminou seu mandato com um investimento de 4,8%. A decisão do tucano foi duramente criticada por petistas, que, em 2007 (dado mais recente disponível), já no poder, tinham aumentado o percentual apenas para 5,1%.

Sem financiamento, diz Oliveira, o plano acabou perdendo força, pois impôs deveres aos governos sem viabilizar recursos para o cumprimento deles.

[matéria retirada da FOLHA DE SÃO PAULO - COTIDIANO] - 03.03.2010

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Enem

O próprio Ministro da Educação, Fernando Haddad, foi obrigado a admitir o fracasso da primeira edição do novo Exame Nacional do Ensino Médio, reformulado para substituir os tradicionais vestibulares. Criado há 12 anos para ser um exame de certificação de ocupações, como uma credencial para o mercado de trabalho do estudante de ensino médio, o Enem vem mudando de formato e função. Mesmo distante do projeto inicial, e também do atual, de se tornar um substituto do vestibular, já ganhou a aceitação dos alunos: mais de 2,5 milhões fizeram o exame.

sábado, 30 de janeiro de 2010

FICHAMENTO - 03


Primeira Lição (continuação 02)

A Questão Fundamental da Filosofia

A questão fundamental da filosofia é a relação entre o pensamento e o ser, entre o espiritual e o material, entre a consciência e a existência. As correntes filosóficas, através de toda a história da filosofia, têm procurado solucionar esse problema. (...). E isto cria a grande divisão na história da filosofia - o idealismo e o materialismo. Para o idealismo, o pensamento, a consciência, antecede a matéria. (...) o que existe em primeiro lugar são os pensamentos, as idéias, a consciência. Em segundo lugar, existe a matéria. Ora (...) a primeira atividade humana é uma ação do homem exercida sobre a natureza. Essa ação ou atividade, denominada trabalho, permitiu o desenvolvimento da linguagem, das idéias, dos pensamentos etc. O trabalho, como atividade humana e social, permitiu que o cérebro humano se desenvolvesse, este desenvolvimento do cérebro humano permite a produção de idéias e essas idéias irão formar os pensamentos que o homem transmite pela linguagem. (...) sem muita dificuldade, admitimos que as idéias, os pensamentos, a linguagem, nada mais são do que produtos da vida material dos homens. A própria linguagem escrita nada mais é do que a tradução em sinais dos sons elementares da fala humana, primeiro em letras e depois da combinação destas letras, em palavras e finalmente em frases. Mas tudo isso resultando de uma atividade prática - do relacionamento dos homens entre si - e esse relacionamento resultando do trabalho. (...) dessa forma, o pensamento, a consciência etc, não é primordial, mas secundário. O materialismo admite a tese contrária - as idéias, os pensamentos etc. são produtos da matéria. (13)

(...). A questão fundamental da filosofia é importante e conforme a solução idealista ou materialista a nossa conduta social o política adquire posições diferentes. (...). A doutrina marxista (...) considera que a transformação das condições de vida do homem é a única premissa e base para a mudança do seu modo de pensar. Entre nós, na década de 30, o integralismo (...) versão tupiniquim do nazi-fascismo, pregava, que antes de fazer uma revolução para melhorar a sociedade, o homem deveria fazer uma "revolução interior", uma "revolução espiritual". Na década de 60, (...) outra coisa pregava o "Movimento do Rearmamento Moral". E nos dias atuais, diante da crise econômica e financeira, não ouvimos muitas vezes alguns políticos afirmarem que o que existe é falta de caráter de nossos políticos, que antes de mais nada precisamos acabar com a imoralidade, que o que o Brasil necessita é de uma profunda reforma moral? (13 e 14).

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

FICHAMENTO - 02


Primeira Lição (continuação)

O Conhecimento Humano

A filosofia pertence ao conhecimento humano. (...) podemos começar por aqui - que é e para que serve o conhecimento humano? O conhecimento, qualquer que seja ele, tem uma finalidade ´prática - dominar alguma coisa. Somente podemos dominar uma coisa, um fato etc. se conhecemos esse fato ou coisa. (...) esse domínio sobre as coisas serve para modificá-las, quando possível, mas também para se adaptar a elas. (...) dominamos algum fato ou fenômeno para colocá-lo a nosso serviço. Como surgiu o conhecimento humano? Qual a sua origem? Aqui já surge um primeiro problema. Quando empregamos o verbo "surgir", à primeira vista pode parecer que queremos saber em que momento da história da humanidade apareceu o conhecimento humano. Se admitimos que o conhecimento humano "surgiu", estamos (...) admitindo que houve um momento da histórica humana em que ele apareceu pronto e acabado. Mas (...) isso não ocorreu. E por quê? Porque o conhecimento humano corresponde a um desenvolvimento ininterrupto, mas lento, da humanidade. (10 e 11)

(...). É um processo de desenvolvimento. Mas é um processo de desenvolvimento dependente de outros processos, (...). (11)

O conhecimento humano é um processo que teve o seu início quando apareceram as primeiras formas de vida inteligente no planeta. O aparecimento de vida inteligente no planeta é um processo de desenvolvimento do mamífero humano, unido a outros processos de natureza química, física, biológica, genética etc. (...) o conhecimento humano, como processo, "começou" quando o homem fez a primeira flecha, mas este "fazer a primeira flecha" já é em si mesmo um processo. Ou quando o homem descobriu a técnica de fazer fogo. Que por sua vez, é um processo. Portanto, o conhecimento humano é um processo, unido e dependente de vários processos, todos permitindo o desenvolvimento do homem para formas mais humanas, para formas mais perfeitas. (...) quando se indaga as origens do conhecimento humano (...) vamos encontrar sempre um processo de desenvolvimento relacionado com vários processos. Porém, entre os vários processos que aparecem no processo do conhecimento humano, um se destaca - é uma atividade exercida pelo homem. É uma atividade que encontramos na mais remota, na mais longínqua notícia do aparecimento do mamífero humano. Essa atividade é o trabalho. O trabalho não é um castigo imposto pela Divindade por causa de uma desobediência do homem, mas uma atividade puramente humana. No lento processo em que o homem começa a exercer essa atividade, ele vai se diferenciando dos demais animais. E ele vai se civilizando. Engels afirma (...) 'O trabalho é a fonte de toda riqueza, afirmam os economistas. E o é, de fato, ao lado da matureza, que lhe fornece a matéria por ele transformada em riqueza. Mas é infinitamente mais do que isto. É a condição fundamental de toda a vida humana, e o é num grau tão elevado que, num certo sentido, pode-se dizer que o trabalho, por si mesmo, criou o homem.' Mas o homem, embora exerça essa atividade individualmente, ele a exerce conjuntamente com outros homens. O trabalho é uma prática social. No exercício do trabalho o homem se relaciona com os demais, relacionamento este que dá origem a costumes, regras, formas de agir e de consciência. Nos tempos primitivos, pelo exercício do trabalho, o homem vai desenvolvendo formas gestuais de linguagem, seu cérebro vai se aperfeiçoando e produzindo idéias que ele transmite aos demais. O desenvolvimento do cérebro produz o desenvolvimento dos órgãos dos sentidos, permitindo ao mesmo tempo o desenvolvimento da linguagem, veículo para transmitir suas idéias. Através do trabalho o homem se civiliza. E cada vez mais se distancia dos demais animais. As idéias, a linguagem, os pensamentos etc. se desenvolvem à medida em que o homem se civiliza. E, à medida em que se civiliza, vai elaborando o conhecimento humano. (...) o conhecimento humano se reveste de mais duas características importantes - é o resultado da vida social do homem e é, também, um produto da história do homem. (...) o conhecimento humano é um processo histórico e social.(11 e 12).

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Negociações não avançam

Secretário não apresenta contraproposta, insinua equívoco e ADs o desafiam

A primeira audiência com o Secretário Osvaldo Barreto para a discussão da campanha salarial 2010, na última sexta (15), sinalizou que as negociações com o governo, novamente, não serão fáceis. De um lado, alega falta de recursos e de outro põe em dúvida as informações apresentadas pelas ADs quanto aos salários das outras Universidades estaduais nordestinas. A Coordenação do Fórum das ADs, inicialmente, contextualizou a campanha salarial: mesmo com a incorporação da GEAA, o reajuste de apenas 4% não retirou os salários da condição de um dos piores do país, mantendo-os, ainda, em patamares muito abaixo das expectativas da categoria.

Em resposta, Barreto argumentou que não há verbas suficientes para a discussão de reajustes salariais e disse que “temos dados que não batem com as informações apresentadas referentes à campanha salarial”. Diante da posição do secretário, o Fórum das ADs e o ANDES-SN, também presente, desafiaram o governo a apresentar seus dados e suas respectivas fontes para comparação salarial com outras Universidades. A SEC se comprometeu em agendar reunião para discutir o assunto.

De maneira provocadora, em diversos momentos, Barreto deixou claro que não permitirá o estrangulamento da Educação Básica e que a prioridade da SEC está neste setor. “As Universidades não podem reivindicar um privilégio que a Educação Básica não possui”, declarou. Para a diretoria da ADUFS, esta compreensão do governo, que não difere dos anteriores, desvia a discussão do seu ponto central. “A prioridade deve ser dada à Educação, na qual as Universidades já cumprem, e podem cumprir ainda mais, um papel fundamental”, afirma Jucelho Dantas. Esta separação é apenas uma estratégia para esconder qual é de fato a política do governo para o setor, bem como para dividir o movimento sindical. Não fosse assim, a Educação Básica estaria sendo tratada com o respeito que merece, o que não acontece: a realidade crítica da Educação Superior se repete por lá também.

Ao final, o Fórum das ADs reafirmou sua disposição para o diálogo, manteve a decisão de encaminhar a campanha salarial 2010, com mobilizações, e destacou a campanha de mídia que denunciará a condição de um dos piores salários do Nordeste. Apesar disso, a SEC disse não ter soluções e que estas negociações estão a cargo da Secretaria de Administração (SAEB). Osvaldo Barreto afirmou que fará contato com a SAEB para agendar uma reunião em que serão convidadas a Coordenação de Desenvolvimento de Ensino Superior (CODES) e o Fórum das ADs. “Vou conversar com a SAEB para abrir um espaço de negociação e acompanharei as discussões”, assegurou.

Após a discussão da campanha salarial, as ADs também denunciaram a reedição dos decretos de contingenciamento que foram prorrogados até dezembro de 2010. A diretoria da ADUFS destacou ainda os transtornos causados pelos atrasos do repasse das verbas mensais (QCMs) de dezembro. Sobre a revogação da Lei 7.176/97, Barreto disse que a SEC já possui uma minuta substitutiva, mas que não poderá repassar antes de discuti-la com o governo.

Boletim ADUFS.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Texto SAVIANI

Abaixo o link que leva ao texto do Dermeval Saviani publicado na revista Carta Capital desta semana. Boa leitura.

Clique AQUI.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

FICHAMENTOS - 01

Primeira Lição:

A Classe Operária e a Filosofia.
O Conhecimento Humano.
A Questão Fundamental da Filosofia.
O Materialismo e o Idealismo na Filosofia Grega

A Classe Operária e a Filosofia

(...). Na Grécia, (...) a sociedade já estava dividida em classes: escravos, trabalhadores livres e pobres, artesãos. Para estes, que eram a classe dominada, que exerciam trabalhos manuais (...) não ficava bem filosofar. Mas à classe dominante: ricos comerciantes e proprietários de terras, filosofar era uma coisa digna, elevada. (p. 09)

(...) toda filosofia é uma visão de mundo. (...) toda filosofia envolve problemas morais, religiosos etc. Qualquer operário, (...) mesmo analfabeto, tem uma idéia do que é certo ou errado para sua vida. (...) admite valores religiosos, morais etc. e procura nortear sua vida por esses valores. (...) este conjunto de valores morais ou espirituais, religiosos ou não (...) é uma visão de mundo. Essa visão de mundo orienta o operário diante dos fatos de sua vida particular, da vida de seus colegas, da vida de outras pessoas. Essa visão de mundo serve para o operário explicar os seus sofrimentos, a exploração de que é vítima, as suas doenças, a suas atribulações no emprego ou na família. Muitas vezes, essa visão de mundo tem explicações religiosas, místicas ou supersticiosas etc. Ora, se toda visão de mundo é uma filosofia, poderemos afirmar que toda filosofia fundamenta uma visão de mundo. (...) cada vez que estudamos uma visão de mundo, encontramos orientando-a, uma filosofia. (...). E o que existe nisto de importante? É preciso saber sempre qual é a filosofia que orienta uma visão de mundo. (...) qual a filosofia que interessa à classe operária, que fornece à classe operária uma visão de mundo. (...) o operário precisa conhecer a filosofia. Como conhecer a filosofia? A filosofia se divide em correntes, em escolas filosóficas, cada uma seguindo uma orientação, cada uma explicando o mundo, os fatos e explicando também a própria filosofia. (...) a classe operária necessita conhecer a filosofia para descobrir qual a filosofia que lhe interessa. (09 e 10).

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Paulo Freire anistiado


Paulo Freire é anistiado 45 anos após exílio

Em Brasília, 3 mil professores e educadores de todas as regiões do Brasil e de outros 22 países acompanharam a cerimônia
27/11/2009

da Redação,

A Comissão de Anistia do Ministério da Justiça concedeu nesta quinta-feira (dia 26) a anistia política /post mortem/ ao educador Paulo Freire, falecido em 1997. A cerimônia ocorreu durante o Fórum Mundial de Educação Profissional e Tecnológica que conta com 3 mil professores e educadores de todas as regiões do Brasil e de outros 22países, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília.

Presente na cerimônia, a viúva, Ana Maria Araújo Freire, se emocionou ao falar do marido. “Hoje, Paulo, você pode descansar em paz. Sua cidadania plena, sem vazios e sem lacunas, foi restaurada, como você queria, e proclamada, como você merece”, disse. A homenagem ao pernambucano que revolucionou as técnicas de ensino em todo o mundo foi marcada pela emoção.

O presidente da Comissão de Anistia, Paulo Abrão, disse que o pedido de desculpas em nome do Estado brasileiro também era direcionado aos milhões de brasileiros e brasileiras que deixaram de ser alfabetizados e emancipados por Freire. A extinção do Plano Nacional de Alfabetização, que levaria o “método Paulo Freire” a todo o país, foi um dos primeiros atos do regime autoritário, após o golpe de 1964.

O educador pernambucano foi afastado da coordenação do Plano Nacional, instituído meses antes pelo MEC, e aposentado compulsoriamente da cadeira de professor de História e Filosofia da Universidade Federal de Pernambuco. Após ser preso por 70 dias em uma cadeia de Olinda (PE), partiu para o exílio, retornando ao Brasil somente em 1980.

Em razão da perseguição política que resultou em 16 anos de exílio, a Comissão de Anistia concedeu indenização de R$ 100 mil – teto da prestação única, que prevê 30 salários mínimos para cada ano de perseguição comprovada.

Retirado do Brasil de Fato

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Filosofia marxista

No dia 24 de novembro prometir que iria disponibilizar neste espaço, aos poucos, através dos meus fichamentos, as idéias que considero centrais do livro de Benedicto de Campos: INTRODUÇÃO À FILOSOFIA MARXISTA.

Gosto muito de usar, nos meus estudos, a técnica de fichamento de resumo. Depois faço um esquema e com base no mesmo vou reproduzindo as idéias do fichamento como se estivesse conversando com alguém, procurando situar os elementos com as minhas próprias palavras.

Gosto também de nesse processo, tanto do fichamento, quanto da elaboração do esquema e do que eu chamo de "falação", escrever sínteses, tópicos, pressupostos do que pode ser, posteriormente, um pequeno texto ou até um artigo.

Esta é a técnica que uso para estudar. Aqui, vou apenas colocar os resumos das partes constitutivas do livro. Por enquanto, apenas o quadro geral da obra, o sumário, para que você possa ter uma idéia dos assuntos que serão abordados.

Por fim, espero poder cumprir essa tarefa, no mínimo, uma vez por semana. Nesse caso, até a próxima quinta-feira, estarei colocando aqui o fichamento da primeira lição em parte ou no seu conjunto.

Espero que você comente, faça observações para que possamos, no espaço dos comentários do blog, ampliar a discussão, clarear e/ou aprofundar os elementos do tópicos do fichamento.
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INTRODUÇÃO À FILOSOFIA MARXISTA
BENEDICTO DE CAMPOS
EDITORA ALFA-ÔMEGA

1988

TÁBUA GERAL DA MATÉRIA

Sobre o autor

Primeira Lição

A Classe Operária e a Filosofia
O Conhecimento Humano
A Questão Fundamental da Filosofia
O Materialismo e o Idealismo na Filosofia Grega

Segunda Lição

A Filosofia na Idade Média
Filosofia Burguesa do Século XVII e XVIII
A Revolução Francesa

Terceira Lição

A Revolução Industrial e o Surgimento do Proletariado
A Economia Política Inglesa
A Filosofia Clássica Alemã
O Rompimento de Marx com o Hegelianismo
Elaboração do Materialismo Dialético

Quarta Lição

O Materialismo Dialético
Categorias Filosóficas Materialistas
As Leis da Dialética
Categorias do Materialismo Dialético

Quinta Lição

O Materialismo Histórico
Leis de Desenvolvimento da Sociedade
Modo de Produção e Formação Econômico-Social
As Classes Sociais e o Estado

Sexta Lição

O Manifesto do Partido Comunista
Os Movimentos Sociais e Políticos na Europa e a Primeira Internacional
A Comuna de Paris e a Segunda Internacional

Sétima Líção

A Crise da Filosofia Burguesa Contemporânea

Oitava Lição

O Movimento Político na Rússia durante o Século XIX
O Partido Proletário de um novo tipo

Índice Onomástico

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

RESENHA

A Escola-Comuna em defesa da Escola Única

Lançado em 20 de novembro na Escola Nacional “Florestan Fernandes”, com palestra de Luiz Carlos de Freitas durante encontro de formadores da Via Campesina, o documento histórico inédito sobre a construção da Escola Única no período mais fértil da revolução soviética faz avançar o debate sobre a educação brasileira

Por Cecília Luedemann

A publicação de A Escola-Comuna, coletânea de textos escrita por educadores que participaram da construção da Escola Única, organizada por Moisey M. Pistrak, é tão importante quanto a publicação de Poema Pedagógico, de Anton S. Makarenko, nos anos de 1980 no Brasil. No entanto, esse relato literário sobre a educação de uma nova geração de revolucionários na “Colônia Gorki” já era conhecido, nas traduções em espanhol, nos anos de 1950, diferente de A Escola-Comuna, publicado em 1924 em Moscou e nunca traduzido.

No prefácio dessa edição em russo, N. K. Krupskaya, do Comissariado Nacional da Educação da União Soviética, explica essa primeira da série de publicações da Seção Científico-Pedagógica, biblioteca da revista Caminhos para a nova escola: “A coletânea publicada, que descreve a vida da primeira Escola-Comuna experimental do Comissariado Nacional da Educação, reflete o enorme trabalho feito. Ela narra como a escola cresceu internamente e desenvolveu-se – percorre todo o caminho do seu desenvolvimento, momentos críticos, crises de crescimento, dificuldades que teve que superar”.

Essa magnífica contribuição sobre as primeiras experiências de construção da Escola Única no primeiro período da revolução socialista só foi possível chegar em nossas mãos com a pesquisa de Luiz Carlos de Freitas (Unicamp-SP) sobre fontes bibliográficas, entre elas a obra de Pistrak, durante seis meses na Rússia, em 1996. O seu retorno com esse livro inédito custou-lhe 10 anos de dedicação para traduzir para a língua portuguesa do Brasil, com a colaboração de Alexandra Marenich. Além do precioso documento, a edição traz a pesquisa realizada por Freitas sobre a Pedagogia do Meio: “Não devemos perder de vista neste processo que uma pedagogia do meio é, antes de mais nada, uma pedagogia crítica de seu meio e que, portanto, forma sujeitos históricos (auto-organizados)”.

Embora A Escola-Comuna tenha demorado para chegar ao conhecimento do público brasileiro, a obra retoma o debate sobre a Escola Única justamente em uma dos momentos mais críticos da educação brasileira. A crise educacional aparece na mídia corporativa como um “mal”, mas nunca como as mazelas da escola capitalista ou como dívidas do Estado.

De acordo com censo do Ministério da Educação sobre a educação básica, em 2009, quatro em dez alunos não estão matriculados no ensino fundamental de nove anos. Além do acesso não estar garantido a todos, questiona-se a qualidade do ensino público. O dedo acusador dos governantes aponta os culpados: os professores, pelo mau preparo, e os alunos, pelo vandalismo. Na academia, o modelo neoliberal implantado nas universidades destina verbas para pesquisas fragmentadas e imediatistas das teorias pós-modernas: analisam formação docente, estudam currículo, questionam a avaliação, e vai por aí afora.

O Estado capitalista não pode resolver os impasses colocados pela crise educacional. Somente um Estado sob comando dos trabalhadores pode construir uma escola única, que rompa o dualismo: a educação para os filhos da elite, para comandar, e a educação para os filhos da massa trabalhadora, para serem comandados, ou, ainda, entre a cidade e o campo. A escola socialista é garantida pelo Estado para todos e está articulada com o Meio, sob o princípio educativo do trabalho, com um conteúdo geral único, com a participação diferenciada e cultural tanto da cidade quanto do campo.

A leitura de A Escola-Comuna nos mostra a construção de uma nova escola – totalmente oposta ao que conhecemos hoje no capitalismo – no período da guerra civil, de 1918-1923, depois da tomada do poder pelos trabalhadores. O livro está organizado em duas partes: a escola do trabalho do período de transição, escrito por Pistrak, e os relatos dos educadores sobre o trabalho com as disciplinas de Matemática, Ciências Naturais, História e Ciências Sociais, Ciências Econômicas, Literatura e Artes Plásticas. Aqui encontramos restabelecido o princípio da totalidade contra o da fragmentação. A escola é um todo, indivisível, dirigido sob o princípio do trabalho, escola que não separa a formação intelectual da criação manual e sob a direção coletiva de educadores e educandos, nem a participação dos estudantes nas lutas gerais da classe trabalhadora. Por isso a dedicatória dos autores aos alunos da escola experimental de Moscou: “Participantes invisíveis, indiretos, mas longe de serem os últimos na criação desta coletânea, devem-se considerar, com pleno direito, nossos camaradas mais novos – nossos mopshks – os estudantes da comuna escolar”.

Um livro raro, único, que não busca receitas, nem modelos. Ao contrário, revela a construção da nova escola socialista sob os dilemas históricos e lutas de posições políticas diante dos objetivos da educação. Uma experiência educacional dirigida por Pistrak dentre as 100 escolas experimentais que vivenciaram a construção de uma nova pedagogia para a escola única sob a direção de Lunatcharsky e Krupskaia, pela formação científica, cultural e política ampla e pela criação da autodireção. Pela defesa desses princípios revolucionários, os pedagogos Pistrak e Pinkevich foram fuzilados em 1937, pelo Estado estalinista, quando a reforma educacional retomou definitivamente a aula como centro da escola e a formação técnica como objetivo da industrialização soviética na tese do socialismo num só país.

Uma teoria presente nas experiências de formação pedagógica e política do Instituto Educacional “Josué de Castro” e pelas escolas itinerantes do MST. Um livro de referência para todos: educadores, educandos e trabalhadores comprometidos com a luta socialista.

Cecília Luedemann é jornalista, educadora e colaboradora da Editora Expressão Popular e do setor de educação do MST

Retirado do site da Revista Caros Amigos